Seja bem vindo!

Todo o conteúdo que passarei aqui, obviamente não foi apenas das entrevistas, li os livros de Carlos Ficker, Herculano Vincezi; Mario Kormann e do Eugênio Herbst e ótimo trabalho de Paulo Henrique Jürgensen; estes merecem o meu mais sincero agradecimento, "pois se tenho algum mérito é porque estive apoiado em ombros de gigantes". Contudo, a alma de todo material que apresento, devo única e exclusivamente a essas pessoas que merecem todo crédito:

Meu amigo Marcio Augustin; Sra. Cassilda Detros; Prof. Ione dos Passos; Seu Nêne Zumbah; Dona Santinha; minha prima Déborah Duvoisin; Dona Enezilda Schwartz (pela infinidade de fotos cedidas); A Irmã Alice (na época diretora do Hospital); Marli Telma; Nádia Bartch; Renato Duvoisin; Seu Adolfo Saltzwedel e ao Sindicato Rural; Ao Dr. Mario Kormann, Seu Ernesto Rocha; Seu Noirton Schoereder; Seu Valdírio Baptista e Família, Seu Osni Cubas; Seu Algacir Lintzmeier; Roberto Reizer; Seu Afonso Carneiro; Seu Osvaldo José Slogel; Braulio José Gonçalves; Seu Silvio Bueno Franco e sua esposa a Professora Sirlei Batista Bueno Franco; A Paróquia Santíssima Trindade; Seu Quinzinho Moura (e seu toque de gaita); Seu Augusto Serafim; Seu Deoclécio Baptista; Dona Hilva Machado; Seu Alonso Kuenen; a Dona Eulália Pazda; e tantos outros que eu talvez, injustamente tenha esquecido.

Obrigado Especial ao meu amigo e primo Luis Carlos Amorim que me conduziu e me apresentou a imensa maioria de todas esses cidadãos beneméritos campoalegrenses.

Obrigado a Todos, que ao cederem suas memórias, lembranças, músicas, fotos, documentos e um pouquinho de suas vidas; permitiram esse trabalho de divulgação de nossa cidade.



domingo, 17 de novembro de 2013

Siga o dinheiro...

"Siga o rastro do Dinheiro que ele levará ao criminoso". Esse é, mais ou menos, um jargão bem conhecido dos filmes de detetive. Eu pessoalmente, gostava e gosto muito desse gênero de filmes; (alguém aqui lembra do Kojak ou do Baretta?... deixa pra lá...coisa de velho..rs).

Como toda cidade, toda comunidade, no seu desenrolar, também desenvolvem uma história econômica. Assim como a cultura é um aspecto importante a se perceber para justamente conhecer aquela comunidade; a economia desta está intrinsecamente relacionada a forma daquele povo ser e existir.

Em 1897, data da criação política de Campo Alegre, (por quê a povoação já é de data anterior); o destaque era a erva mate. Muito dinheiro passou por aqui, com a construção da Estrada Dona Francisca esse crescimento ficou definitivo. Grandes produtores e beneficiadores de Erva mate do Estado, (a exemplo de Abdon Batista de Joinville), tinham além de suas casas de comércio e beneficiamento em suas cidades, armazéns, postos de trocas e terrenos em Campo Alegre.
1950 - Rua Getúlio Vargas - seu Inácio Pruchnheski conduzindo com sua carroça e seus percheirões, uma carga de erva mate até a cooperativa.

Uma dessas a "Companhia Industrial Catarinense", que existiu só entre 1891 a 1906; mas foi uma gigante e influenciou seus pares em toda região de Joinville. Esta industria de colheita, sapeco, estocagem, beneficiamento e despacho da erva mate; envolvia em todas essas empreitadas, toda região do Rio Negro, passando por São bento do Sul e Campo alegre; em direção a Joinville e por fim a São Francisco do Sul. Tinha cinco importantes sócios, entre eles Abdon Batista e Procópio Gomes. A erva passada por todas essas fases ia do Planalto Norte Catarinense até Valparaíso no Chile por via oceânica. Foi essa atividade que atraiu pessoas para cá, essas pessoas aqui fizeram fortunas.

A árvore da erva mate, também conhecida como "ilex paragaienses" segunda a descrição do Professor Evaldo Pauli da UFSC tem " ... cerca de 20 metros de altura, chega à plena produção pelos 10 anos. o Habitat natural do mate, em Santa Catarina, se estende de Leste (Campo Alegre) para o Oeste (Vale do Rio do Peixe). Sua presença ocorre também no alto Vale do Itajaí, que tem logo diante de si o Planalto". 

Essa indústria foi tão importante, que por causa dela, por conta dela, foi construído estrutas viárias de escoamento de produção que até hoje se mostram essenciais para a região; a exemplo da Estrada Dona Francisca (Joinville - Rio Negro); a Estrada de Ferro (Mafra-São Francisco do Sul) e viação fluvial no planalto norte.

A estrada Dona Francisca tinha algo de especial. Ela garantia o acesso destes recursos naturais valiosos para o porto catarinense de São Francisco; alem de cooptar as produções das cidades vizinhas no Paraná. Foi crucial para a fixação das divisas como estão entendidas hoje, ou seja, pelo ganho catarinense na questão limítrofe, o povoamento do planalto norte; que só se deu pela estrada que só aconteceu pelo sistema ervateiro. 

Contudo, foi toda essa importância econômica que acabou acirrando os ânimos quanto as questões fronteiriças. Todavia, nesse assunto, na exploração da Erva mate, os ânimos ja vinham acirradas há muito tempo. O Professor Evaldo Pauli cita Vieira dos Santos em "Memórias Histórica de Paranaguá (1922)" que neste livro relata as Leis protecionistas que tanto Paraná quanto Santa Catarina começaram a adotar, quanto a produção da "congonha", ou seja da erva mate. 

"Gomes Freire, advertindo-se da grande quantidade comercializada da congonha, achou que poderia cobrar direitos sobre o gênero. Sabe-se que em 1804 a Câmara de Paranaguá estabelecia a cobrança de taxas por alqueire, de congonha remetida a outros portos"

Até os anos trinta, Campo Alegre cresceu de forma vigorosa. Formou e confirmou fortunas. Engana-se aqueles que pensam que por esses campos haviam apenas colonos europeus, eslavos e caboclos nesta época. As famílias Cubas, Munhoz, Bueno Franco e Batista; eram grandes proprietários de terras, produtores de gado e erva mate. Também tinham entrepostos de erva mate, citamos Salvador Cubas que tinha um entreposto comercial onde hoje está o "castelinho", uma bonita casa que fica na rua Dona Francisca (Getúlio Vargas) entre o centro e a Vila Sheid.
Filhos de Coronéis. Em meados dos anos 30. O Terceiro da Direita para esquerda é José Marcelino Cubas. Meu Bisavô.

Tudo tem um nascimento, um crescimento, um apogeu e um declínio. Em 1929 a queda da Bolsa de Valores de Nova York nos Estados Unidos quebra e joga os valores de vários produtos, entre eles a erva mate, no chão; inviabilizando as importações e comércios. Como o grosso do dinheiro da indústria da Erva mate calcava-se na importação, foi ali sua data derradeira. 

Em 1929, portanto, encerra o primeiro capítulo da história econômica de Campo Alegre. Em breve retorno pra escrever um pouco mais sobre mais capítulos.
Um grande abraço e espero que me perdoem pelo sumiço.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Protestos e Levante Armado na Serra Dona Francisca - III

Transcrevo trechos do artigo do Jornal "Gazeta" de Joinville em 1878 sobre o fato:

"No Campo de S. Miguel roubárão e matárão 2 novilhos que ahi encontrárão, charqueando e comendo-os. Chegando na arrabalde de Joinville, na tarde do dia 16, em número de 300 pessoas, todas armadas, as autoridades policiais forão ao encontro delles e admoestados do Delegado de Policia, depozerão as armas na casa do Fiscal da Camara, residente na entrada da cidade.
Assim evitou-se, graças á energia e prudencia do Delegado de Policia, Sr. Jordan, para o momento o derramamento de sangue, pois o povo, já avisado do perigo imminente, foi firmemente resolvido de não conceder entrada na cidade a essa gente, senão desarmada."

De fato, o confronto só não aconteceu de forma mais sangrenta, pelos serranos terem sido esperados em tocaia pela população de Joinville. Ficaram aguardando os indesejados visitantes, logo no início da serra e na venda do Sr. Froehlich. Participaram toda a guarnição dos Bombeiros Voluntários, a Sociedade de Atiradores e demais populares.
Estando desarmados, montou-se uma comissão entre os revoltosos que ficaram ao encargo de criar uma lista de reivindicações à Colônia. Acabaram negociando 1 conto de réis para provisões imediatas e promessas das obras da Dona Francisca serem retomadas e se foram no dia 18.

Acabou a rebelião mais ou menos dessa forma, dias depois, chegou a Joinville e posteriormente a São bento, o Secretário de Polícia de Desterro (Florianópolis) e mais 28 homens ( 7 policiais e 21 praças), para prosseguirem nas investigações do ocorrido e conseqüentes prisões.

domingo, 1 de maio de 2011

Protestos e Levante armado na Serra Dona Francisca - II

Como dito antes, a fome devido as chuvas em demasia e o fenômeno da "Taquara em Flor" ocorrida naquele ano de 1877, aliado a vinda de mais de 800 bávaros recém chegados da Colônia e o completo descaso dos Governo Catarinense, que não mantinha por aqui qualquer benfeitoria pública que fosse e a resolução do Governo Imperial de cortar drásticamente os gastos com a Estrada Dona Francisca; impulsionou os populares locais contra a administração da colônia.
A colônia na época era Dirigida pelo Dr. Bruestlein em Joinville e representado, serra acima pelas autoridades policiais nomeados: August Heeren (sub-delegado) e Karl Kamienski (suplente de sub-delegado).
Apesar de telegramas enviados por Bruestlein ao Ministério da Agricultura que cuidava dos repasses de valores para a estrada, e para o Presidente (governador) da província de Santa Catarina, não houve qualquer resposta satisfatória que impedisse o que estava por vir: o levante que envolveu cerca de 300 colonos em 12 de março de 1877. O Sub Delegado Heeren acabou sendo aprisionado pelos revoltosos, mas Kamienski ao perceber a sorte do colega enviou mensagem sobre a situação para o diretor da colônia em Joinville.
Aqui se faz uma pausa para transcrever um trecho do livro de FICKER:
"Agravou a situação quando os comerciantes de São Bento cortaram o crédito aos colonos que não traziam mais dinheiro das obras da estrada. Houve reuniões e, como sempre acontece, em tais casos, apareceram os agitadores para estimular o povo indeciso. Assim a massa de desordeiros aumentou, a ponto de o sub-delegado August Heeren e o suplente Kaminski nada conseguirem fazer para acalmar os amotinados.
É digno de nota que entre os inúmeros colonos estabelecidos em São Bento existiam elementos inadequados, que não se ajustavam à organização colonial. Nas últimas levas de imigrantes encontravam-se proletários das cidades industrializadas e classificadas pela Direção da Colônia como "vadios", "vagabundos" e "socialistas"." (1973)
Me chamou atenção esse trecho pela parcialidade com que FICKER descreveu o evento e os agentes envolvidos. Imagino que talvez, devido ao contexto histórico de quando foi escrito o livro, em plena ditadura militar, onde se imperava o lema do positivismo, da ordem e progresso hegemônico a todo custo; além disso, escrever bem a respeito de "socialistas" naquela época poderia render sérios dissabores  ao autor.
Voltando ao levante popular; transcrevo a mensagem mandada as pressas pelo Sr. Kaminski ao diretor da Colônia:
São Bento 12 de março de 1878.
Ilustríssimo senhor!
Os colonos dessa freguezia de São Bento, no dia 12 deste mês, principiarão fazer barulho com nois negociantes e com o Sr. Hereen probocando já matar e robar tudo: por felicidade parece por hora tudo suscegado, mais acertaram se todos amanhã hir para baicho, levando consigo por força a pé o Sr. August Hereen. Por via disto tenho a honra de participar a V.S. como tambem o Sr. Delegado para tomar providências pro dia 14 ou 15 deste mez. Os Chefes do barulho são Guilherme Bichnner, Wenzel, Bergmann e Lorenz.
Deos Guarde a V.S.
Carlos Kaminski, suplente de sub-delegado.
PS: Escrevo ligeiro, por que o barulho durou até a noite, e quero que o portador chega antes dos barulhentos".

Dessa forma, um oficial da sub-delegacia conseguiu furar o cerco dos revoltosos  e entregou a carta-aviso a Direção a tempo desta preparar uma emboscada serra abaixo; mas essa parte e de como se deu a marcha até lá, veremos em outra postagem.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Protestos e Levante Armado da Serra contra a Colônia Dona Francisca

Houve um interessante episódio em nossa história em 1878. Um levante popular considerável contra a administração da colônia, sediada em Joinville. Este episódio mobilizou centenas de populares armados em marcha até Joinville, levados pelo desespero da fome.
Para melhor entendermos o que levou os populares a medida tão extremada, é necessário visualizarmos o contexto, o que acontecia por aqui naquele ano de 1878.

Segundo o livro de Carlos Ficker, havia um correspondente desta região do Jornal "A Gazeta" de Joinville, no ano de 1877. Ele usava de um expediente curioso para contar sobre a realidade dessa região na época, escrevia artigos intitulados "Cartas a meu tio Manduca". Analisemos alguns trechos trazidos no livro: 

"O centro do nosso districto progride, com quanto se fação sentir algumas necessidades. Já era tempo para ter-mos uma Igreja do gremio catholico para veneração do culto divino, termos apenas uma insignificante ermida sem capacidade para a quarta parte dos fiéis".

"Sobre instrucção he que estamos em grande atrazo; pelas immediações ha muito povo brazileiro e grande número de rapazes analphabetos : há lugares aonde he preciso caminhar leguas para mandar fazer um simples escripto, ou mesmo para obter-se uma assignatura. Escolas particulares não vingão, porque os pais achão ser lhes difficil patar 2$000 rs por mez, e por isso poucos meninos as frequentão, resultando que aos douz ou três meses, o professor, para não parecer á mingua, despede os discipulos e trata de outra vida: uma unica escola tem aturado, nas Avencas, vai em um anno que está a expirar, findo elle tambem o professor se vai retirar por não lhe dar o rendimento preciso para sua subsistência".

Sobre esses dois trechos, que relatam retratos de como era a vida nessa região nesse ano de 1877, podemos tirar algumas informações.
Primeiro: havia um certo ar de abandono na região quanto a presença pública, digo, quanto ao governo, (não podemos esquecer que já nesta época havia a contestação deste território entre o governo do Paraná e de Santa Catarina). Este abandono se traduzia na falta de igreja, escolas  e demais serviços públicos de segurança e administração. As cartas ao tio Manduca, confirmam aquilo que já havíamos escrito sobre as capelas erigidas pela região; as famílias mais abastadas faziam as suas, e a vizinhança as freqüentava para os serviços religiosos em geral, (comunhão, batizados, velórios e casamentos, além dos cultos gerais).
Quanto as escolas, me permiti grifar a parte que fala sobre escola na Avencas, que acredito ser nas proximidades do Rio Negro, ou na comunidade de "Santo Antônio dos Carneiros" que era nominação antiga para essa localidade, identificando inclusive a família Carneiro que foi colonizadora sob auspícios do Governo do Paraná.
Voltando a revolta armada; este abandono da civilização e da presença governamental de forma mais eficiente; aliado a outros fenômenos sociais a saber: o inchaço populacional imigrantes vindos nessa época, o fracasso da colheita, principalmente do trigo, (devido a estações de seca e enchentes em seguida), ocasionou a fome; ainda mais agravado pelo fenômeno natural da Floração da Taquara, que ocasionou a vinda de ratos e pragas para as lavouras, que dizimaram as outras culturas de alimentos restantes. 
O quadro em si, já esta horrível, mas ainda pôde piorar um pouco mais. A província de Santa Catarina suspendeu o subsídio que repassava de via federal para a Colônia, o que provocou a falta de pagamento e crédito para os trabalhadores da Estrada Dona Francisca. 
Junte falta de dinheiro, falta de comida, abandono público; não fica difícil de imaginar que uma revolta armada em breve. E de fato ocorreu. 
Agora que sabemos uma parte do contexto, deixaremos para amanhã, o restante do relato: de como se deu essa marcha contra a direção da Colônia, ou seja, contra Joinville, por extensão.

domingo, 24 de abril de 2011

Feliz Páscoa!!! E paz a todos em 2011.

Estou preparando uma série de textos ainda para essa semana, contudo, hoje me limitarei a desejar votos de Boa Páscoa a todos.
Não sou muito dado a felicitações de época, todavia, me considero especialmente inspirado, e portanto, farei minha parte. Em minha concepção, desejar Paz a todos, nada mais é do que desejarmos a tolerância a todos, alteridade (a capacidade de olhar com o olhar do outro e não pelo seu), respeito e dignidade. Parece algo óbvio de se falar, mas muito difícil de se constatar (e praticar) no dia a dia. Muitos que se dizem cristãos, e de fato são assíduos frequentadores de seus cultos, têm uma tremenda dificuldade de conseguir superar a ortodoxia, e enxergar a pluralidade e a riqueza da existência humana.
Sejamos ricos de espírito, portanto! Boa páscoa a Todos!

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Páscoa celebrada com o Hospital São Luis.

Quero registrar aqui, a tarde agradável de ontem na ala geriátrica do Hospital São Luis, em companhia de simpática gente. Agradeço aos idosos, seus parentes e ao pessoal do Hospital que nos receberam com o coração aberto. Vale registrar o agradecimento aos músicos que foram de boa vontade tocar e brincar com nossos idosos.


Ismael (SBS) com sua violinha

Diego Telma (Bateias) animando com sua gaita.
Esquerda para direita: Ismael, Seu Paulo Tchoeck, Laércio Virmond e seu sogro. Estes dois últimos cuidavam das músicas mais sentidas com bonitas declamações.
O Grupo Todo, da Esq. para Direita: Ismael, Irmã Lurdinha, Láercio, Diego, Seu Paulo, e eu.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Causos de Sexta-feira Santa.



Hoje é sexta feira da paixão. E em alusão a esse dia vou contar dois "causos" que ocorreram nesse dia há anos atrás. 
Normalmente, esse dia é um dia triste e taciturno; usado pelos cristãos para relembrar o sacrifício feito por Cristo em favor da humanidade; em Campo Alegre não poderia ser diferente. Uma das formas de relembrar o martírio é a encenação das doze estações, a "via crucis". Não sei precisar se a encenação da paixão de Cristo, aqui, é de longa data, mas posso resgatar uma encenação em particular que ocorreu lá pelos idos dos anos 80. 

Causo de Campo Alegre, 198...
Eu deveria ter uns 10 anos, então podemos supor 1984.
Pois bem, nesse ano, uma encenação na cidade foi providenciada e os papéis foram distribuídos ao atores. Dois me chamaram muita atenção! O papel de Cristo foi passado ao Agostinho Minikowski, até aí tudo bem, homem barbudo e grandalhão; já o de centurião romano que se encarregaria pessoalmente dos açoites seria o Laurinho Leppeck. Laurinho, é uma figura muito conhecida na cidade, sua família veio a Campo Alegre nos anos 60, instalaram-se como comerciantes de bebidas (distribuição da Brahma) e atualmente gerenciam o Restaurante Calçadão. O inusitado da escolha do Laurinho para Centurião, era a princípio o contraste de estatura dele com o Minikowski; este era grandão e Laurinho não deve ter mais que 1,60m de altura. Então a cena por si já era memorável, vinha o grande carregando uma cruz, sendo açoitado e perturbado pelo mini centurião. 
Nos ensaios e para o dia do drama, foi confeccionado um cabo de vassoura de meio metro e na ponta deste algumas fitas arrancadas de k7ś; objeto que dava a ilusão de ser um chicote. Pois no dia, o Laurinho apareceu, não com o chicote de mentira, mas sim com um arreador. Na hora, Agostinho protestou, mas Laurinho disse: "Não se preocupe, eu vou estalar o chicote no pau da cruz, que é só pra fazer barulho". E assim se aceitou o arranjo, pois já não dava mais tempo de qualquer outro.
Quando já estavam no meio da procissão, o centurião Laurinho empolgou-se no papel, e começou a descer o chicote no lombo do Cristo Agostinho, no que este gritou:
- Tá doendo Laurinho! Não tá pegando na cruz!

E o Laurinho rapidamente:

- Cala Boca Judeu!

E dele chicote no judeu. E a procissão seguiu.


Causo 2 - Taió, Anos 50.

Esse causo, não aconteceu em Campo Alegre, mas já que estou no assunto, gostaria de relatar esse também, pois é muito bom! Eu o extraí do livro de causos do meu amigo Herculano Vicenzi. 

Pelo que lembro do que li, em Taió, (proximidades de Rio do Sul); havia nos anos 50, uma procissão que encenava as doze estações em direção a uma igrejinha em cima dum morro. Naquela época a estradinha que levava até o cume do morro não era pavimentada, e como havia chovido muito na véspera, estava que um lamaçal só. Todavia a fé é grande e o cortejo com o povo prosseguiu. Já no início da subida do morro e da encenação, o Cristo cai com cruz e tudo e dá de cara no barro, o povo fica desconcertado, sem saber exatamente o que fazer nessa situação. A resposta vem de um bêbado que seguia a procissão com um sonoro:

- "E Jesus cai pela primeira vez!!" .

Não teve jeito, todos desataram na gargalhada; mas logo se recomporam e seguiram com o cortejo, talvez com um sorriso no lábio, mas com muita fé.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Alma de Viola, Alma de História - Encontros de março e de abril.

Após algum tempo de muita ocupação, atividades diversas e um pouco de preguiça; volto a escrever no blog.
Como já acontece há mais de um ano, eu, a Rádio Cidade de Campo Alegre, músicos amadores e profissionais da cidade, promovemos a cada mês um encontro, sempre em um lugar diferente com intenção de principalmente tocar músicas de raíz e jogar conversa fora.
Vou relatar nesse texto presente, dois encontros, que ocorreram em fevereiro e em março, na comunidade do Rio Represo e de Bateias de Baixo respectivamente.

O encontro de Rio Represo (Março de 2011).

Logo após realizarmos o encontro de janeiro no Restaurante do Itamar, comecei a procurar um local para o novo encontro de março. Através das participações dos ouvintes no meu programa de rádio, a Família da Dona Frida Carvalho ofereceu-se para sediar. Então fomos lá. Este encontro foi simples, mas muito gostoso de fazer.
Rio Represo, Fevereiro de 2011. a direita está Texeirinha com o surdo, Baixinho (Cláudio) e Seu Paulo Tchoeck com violão. De camisa branca a esquerda está o Cláudio Carvalho, Gaiteiro (sem gaita nesse dia) e anfitrião do encontro. 
Dona Frida é uma simpática senhora que vive no Rio Represo com sua família. Seus filhos e ela freqüentemente ligam para o meu programa aos domingos para mandarem recados e pedirem músicas; assim, foi natural fazer o convite do encontro e mais natural ainda nós (músicos) atendermos essa simpática família.
Encontro de viola no Rio Represo - Março de 2011 - Dona Frida Carvalho (Dir.), com amigos e familiares, ouvindo a cantoria.
Da Esq. para Dir: Músico do local, Cláudio, Paulo Tchoeck e Texeirinha.
Família de visitantes de Campo Alegre ao encontro com Dona Frida.
Encontro do Rio Represo - Março de 2011. Da direita para esquerda: Eu (Robson), Seu Jorge e a Esposa (moradores do Campestre).
O encontro foi até umas dez horas da noite, e quando fizemos menção de ir embora, o "Nique" não nos deixou sair sem antes provar do viradão que sua esposa preparara.


O Encontro de Viola de Bateias de Baixo - 16 Abril de 2011.


Esse já foi o terceiro encontro realizado em Bateias, sendo os dois primeiros no Bar Armazém. Este último do dia 16, aconteceu no Restaurante do Celso Telma e foi um dos maiores que fizemos. Talvez não tenha sido o maior em número de pessoas mas o foi em número de músicos e de participação das pessoas. O seu Celso é ouvinte do programa (pela internet, pois segundo ele, na sua casa não pega rádio cidade). Fez o convite, convite aceito.
Nesse encontro, é importante frisar todo o apoio do pessoal da rádio, principalmente ao Presidente da rádio, Ivo Kestring, que nos encontros se reveza nos papéis de cantor, violeiro, técnico de som e de vídeo.
Bateias de Baixo, Abril de 2011 - Esq. para Dir.: Laércio Virmond e seu Sogro, Seu Vigando, Seu Luizão, Seu Pedrão e Paulo Tchoecke e o Ivo.
Bateias de Baixo, Abril de 2011 - vista parcial do público presente ao Encontro.  E mais músicos ao fundo tocando para a platéia (inclusive eu me metendo a tocar colher)
Gravei um vídeo e postei no youtube, para terem uma idéia da energia legal que estava no encontro.
Você pode assistir aqui ou ir para o site: http://www.youtube.com/watch?v=zugps93ppqI


A música no vídeo é gauchesca, isso demonstra a pluralidade do encontro. Quem canta é o nosso Radialista da "Hora do Chimarrão" o Osvaldir Dranka e é acompanhado pelo gaiteiro Diego Telma e o Violeiro Dinho Reizer. Foram mais de 14 músicos participantes, fora a palhinha do povo que chegava para participar.


Até o Próximo encontro em maio na Avenca do Rio Negro!!!